Gadol Elohai - Joshua Aaaron

18.3.07

O respeito na gramática

Já repararam na diferença que é usar-se a preposição do em vez da preposição de quando nos referimos a alguém?
A simples mudança de um para o outro, comprometerá a formalidade do tratamento, podento até soar a alguma vulgaridade.
Senão vejamos, não é costume dizer-se: "... com a intervenção do Cavaco Silva" ou "... com a intervenção do José Sócrates" , mas "... com a intervenção de Cavaco Silva ou de José Sócrates" ... a simples substituição da preposição de pela preposição do altera completamente o respeito do tratamento, banalizando-o até.
Talvez para fazermos distinção de tratamento também dizemos: "... com a intervenção de Deus" e nunca "... com a intervenção do Deus" e já ao contrário, dizemos: "... com a intervenção do Diabo" e nunca "... com a intervenção de Diabo".
É a riqueza da nossa língua. Inconsciente e automaticamente, numa subtileza gramatical, conferimos estatutos.
Nota: post alterado a 19/03

12 comentários:

Vilma disse...

É verdade.. o português
é uma lingua muito rica!
Gostei deste "de" e "do"...

Anónimo disse...

:) excelente post...

Deus na realidade merece um "de" e não um "do"...

:)

Anónimo disse...

Prezada(o) Blogger,
Procurei nas gravações e...não encontrei qualquer referência ao lapso que refere. Referindo-me a Bush (pai) faço-o dizendo (de) e não o ofensivo (do) a que refere.
Um pormenor que me parece importante para alguém com tanto empenho na forma.
A haver lapso (que não houve neste caso... em muitos outros terá havido e voltará a haver) ele não seria uma questão de "gramática" como sugere que se manteria intocada na sua frieza exacta já que "de" ou "do" estariam igualmente correctos. Seria de retórica, semântica ou semiótica, disciplinas muito mais subjectivas.
Obrigado pela atenção com que segue o meu trabalho. Cordialmente

rcmlein Mário Crespo

PS: Parabens pela música.

Hadassah disse...

Caro anonymous

Presto este esclarecimento acreditando que se trata de facto do próprio jornalista Mário Crespo, a quem admiro muito o seu trabalho.

Quero sublinhar em 1º lugar, que não foi minha intenção fazer qualquer reparo a Mario Crespo, seja de que tipo for, lapso gramatical ou outro, porque não existiu qualquer erro de sua parte. Faço-lhe referência apenas porque foi a partir de o ter ouvido dizer "do Bush" ... que parti para esta reflexão, mas sem qualquer intenção de qualquer crítica, porque está correctíssimo o que disse.

De facto só não estou certa, por muito esforço que tenha feito, se foi esta a palavra "...intervenção", que procedeu o "do"(irei retirá-la porque também não é importante no contexto"), apresentando as minhas desculpas por esta falta de rigor.

Para melhor ajudá-lo na pesquisa das gravações, tenho a certeza que o ouvi dizê-lo, entre 6ª à noite e Sábado (17), creio que terá sido a propósito do tema: "Comemoração da cimeira das Lages" e referia-se ao Bush filho ...

Como tenho quase sempre a SIC Notícias sintonizada, é-me difícil ter a certeza absoluta em que rúbrica terá sido, mas tenho quase a certeza que foi naquela.

Sublinho mais uma vez que a frase de Mário Crespo é secundária ... poderia ter feito a mesma reflexão
sem referência-lo, mas como foi a partir dela que lá cheguei, achei por bem registá-la.

Agradeço muito a sua passagem por aqui e o privilégio que me deu de sabê-lo ...

Um abraço de continuação de bom trabalho e se me permite, que Deus o abençoe...

Hadassah

Nota: se necessitar de qualquer outro esclarecimento estou disponivel em conversassobredeus@sapo.pt

Hadassah disse...

Só mais uma nota: não me pareceu nada ofensivo o "do" que usou, pelo contrário...

Obrigada,

Hadassah

Anónimo disse...

Prezada Hadassah,
Eu lamento a minha insistência mas nas datas que refere não tratei de todo do aniversário do Acordo das Lages. Provavelmente como fui eu que fiz a reportagem há quatro anos pode ter havido qualquer associação da sua parte conjugada com um enunciar menos claro da minha. Contudo há algo que estou bem seguro. Não gosto pessoalmente da formula do "do" ou qualquer mutação do artigo definido usado nestes casos. Concordo que traduz um excesso de familiaridade ou um desrespeito que não me é grato nem acho que seja natural na minha forma de expressão (digo eu!). Evitarei sempre que possível, tanto mais que agora me sinto exortado por si.
Hadassah, fique bem e ... next Year in Jerusalem.

Muito cordialmente Mário Crespo.

PS. Só uso o anonymous porque não me entendo com os outros registos!

Hadassah disse...

Bom ... não tendo acesso às gravações, não consigo mesmo ajudá-lo a descobrir em que rúbrica de sábado ou 6ª terá sido, se tivesse mais informação sobre a grelha e os convidados talvez lá chegasse ...

Na falta de rigor opto por retirar a referência que lhe faço ...

Por favor não se sinta exortado porque não foi essa a intenção ...

Peço desculpa por este incómodo.

Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade.

Um abraço,

Hadassah

Nota: embora assine como Hadassah, não sou judia. Escolhi este nome, porque Ester (tradução) é uma personagem Bíblica de que gosto muito e porque sinto um enorme carinho pelo povo judeu.

Anónimo disse...

Prezada Hadassah,
Ester que seja mas é também o nome de uma respeitabilíssima associação de mulheres sionistas nos Estados Unidos. Quanto ao seu judaismo (ou ausência dele) tenho que dizer que quanto ao meu não estou assim tão certo. Estive em reportagem em Israel várias vezes, a última dela foi estada muito prolongada em 1991 durante a primeira guerra do Golfo (a que nunca chegou a acabar. É de lá, em parte, que me vem o afecto que nutro pelo povo judaico (e dos livros de Richard Zimler também).
Por isso, deixe-me corresponder à sua benção, que recebi agradecido, com um velha prece que alguém me traduziu junto ao Muro das Lamentações. "Here me oh Israel, the Lord is only one".
Sempre a entendi de um modo muito abrangente.
Foi um prazer vir aqui. Por favor continue.
Um abraço Mário Crespo.

Anónimo disse...

PS: Claro que onde se lê "Here" deve ler-se HEAR. Isto da gramática anda manifestamente mal comigo.

MC.

Hadassah disse...

:) Espero não ter criado nenhum complexo, no que toca à sua irrepreensivel gramática.


É com satisfação que verifico a sua sensibilidade em relação a Deus (?)...

De facto "The Lord is Only One!". A religião por vezes nada mais faz senão complicar a nossa relação com Ele.

Quem passa pelas experiências do Mário Crespo, dificilmente poderá ficar-Lhe indiferente ...

Sobre Deus, a principal causa deste Blog, deixo-lhe ainda esta reflexão:

http://conversassobredeus.blogspot.com/2006/10/nica-necessidade-de-deus.html

Quanto a Richard Zimler ... é desta que vou experimentar.

Foi para mim uma honra tê-lo por cá. Sinta-se à vontade de voltar a esta "casa" sempre que desejar, mesmo que de forma silenciosa. Será sempre um "convidado" especial.

Um abraço amigo,

Hadassah

Nota: pouco importa mas gostava de esclarecer que sou Cristã Evangélica de "filiação" religiosa [protestante de Martinho Lutero :)]. Somos ensinados biblicamente a amar Israel, o povo de Deus.


"Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam." Salmos 122:7

O melhor dos blogues disse...

Achei interessante este post e coloquei-o em "O melhor dos blogues".
Obrigado e até sempre!

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Cheguei finalmente à razão principal que me fez parar aqui no seu blog, foi para lhe dizer como concordo com o que vilma diz a respeito desta sua mensagem. Outras língua não têem a mesma riqueza e subtileza, e consequentemente há também uma correspondente menor riqueza de conceitos e delicadeza de sentimentos.

E quanto à discussão a respeito de respeito ( :)), e com todo o respeito, a partir do momento em que as pessoas passam a esse nível de importância social e cultural, de forma a serem referidas com ''de'', parece-me bom separar o trigo do joio, onde tal nos compete. Que bom termos uma fantástica língua com tanta sunbtileza...

Por outro lado, há ainda mais nuances, pois digo ''o poema DA Sophia'', ou ''DO Fernando Pessoa''por exemplo,(às vezes) não por falta de respeito , mas pelo contrário quando essa consideração passou a uma proximidade e identificação, ganha pelo conhecimento e admiração pela obra.
Assim, se não fossem outras razões linguísticas e religiosas, referentes ao plural/singular - eu diria às vezes ''do Deus'', para exprimir esse amor íntimo...
Interessante, obrigada por esta reflexão.

Interessante reflectir até que ponto é que certas autoridades nos merecem o tal (respeito)exprimido pelo ''de''. Interessante reflectir sobre onde o respeito é respeito ou conformismo, ignorância, cobardia?

Cumprimentos,
Cassandra

PS - Desculpe-me a extensão das observações, mas de uma coisa veio a outra... e Nada destas considerações se referem a Mário Crespo.