Gadol Elohai - Joshua Aaaron

8.3.07

Fatídicos 37º ?

Sinto a impressão de que nos últimos anos se tem perdido na minha "igreja" (denominação): ousadia, dinamismo, diversidade de intercâmbios e uma saudável "irreverência" que a caracterizavam há uns anos atrás...
Tenho presenciado um crescente "fechar-se" em si mesma, aconchegada numa vida financeira mais abastada, "enfiada" em "mesquinhices" de doutrina, cada vez mais "enclausurada" em "bairrinhos". Assisto a uma "serenidade" conformista e comodista, sem iniciativa e sem a coragem dos tempos mais difíceis.
No passado, com menos recursos financeiros e tecnológicos, organizavam-se eventos à escala nacional e internacional, com uma regularidade eficaz, que gerava um sentido de união e de igreja única. Hoje, são cada vez mais os eventos locais e regionais, comedidos e rapidamente esquecidos e que nos fazem perder identidade e sentido de "corpo".

Faço uma lista de alguns projectos arrojados, alguns que presenceei na adolescência, outros que herdámos de um passado longínquo e que ainda perduram, tal a força, ousadia e visão de quem os promoveu:

  • Recordo-me de um Instituto Bíblico, participado de um forte intercâmbio multinacional com umas instalações e um templo que ainda hoje se podem considerar muito "à frente";
  • Recordo-me de um evento, há mais de 10 anos, que uniu várias igrejas de todo o mundo num ciclo de orações, com transmissão via satélite em directo, num ecrã gigante dentro da igreja;
  • Recordo-me de ter constituído um coro de 500 vozes de várias igrejas do país, ensaiado ao longo de vários meses, para participar no grande evento mundial que foi a PEC e que decorreu na antiga FIL;
  • Recordo-me de um sem número de missionários estrangeiros que faziam"escala" no nosso país (Majlis Johnson?);
  • Recordo-me dos Congressos e Conferências organizados à escala nacional, que moviam excurssões e multidões de jovens.
  • Recordo-me da ousadia de se organizar um Interjovem no Estádio do Belenenses;
  • Recordo-me do avivamento das campanhas evangelísticas de dois pastores que percorriam o nosso país, ...
  • Recordo-me de sermos protestantes odiados, mas com multidões a assistir aos cultos;
  • Recordo-me dos milagres, das lágrimas de arrependimento, dos saltos de alegria, ...
  • Recordo-me dos cultos de fogueira;
  • Recordo-me das peças de teatro e dos musicais, ensaiados com rigor para a festa de Natal local, organizada na sala de cinema da cidade e dos balões enchidos com helio.

  • Recordo-me de hinos de todos conhecidos, como este: "Porque Ele Vive"...;

Desses tempos temos ainda isto: o Desafio Jovem; as Novas de Alegria; a Boa Semente; O Lar de Betânea; O calendário Maná do Céu; etc.. E hoje , o que estamos a construír?

Fico na dúvida dentro desta minha perspectiva, se o problema está em mim própria ... se fui eu que passei a apreciar as coisas de outra maneira ou se estaremos mesmo na fatídica temperatura dos 37º, cada vez mais afastados uns dos outros...

A esta pergunta, só mesmo quem está dentro do contexto poderá responder-me...

5 comentários:

Vilma disse...

Jesus mesmo perguntou aos discípulos: "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Lucas 18:8
Cada vez mais os dias de hoje nos mostram que o tempo se aproxima...

Davide Vidal disse...

@sonae.comUps!! Devemo-nos ter cruzado por aí algures...
Depois, bem depois chegou o tempo das divisões, das denominações fecharem-se sobre si mesmas, dos interesses pessoais, dos profissionais (bem me lembro que todos trabalhávamos voluntariamente) e... penso que andámos para trás

Anónimo disse...

infelizmente tenho que concordar com o que dizes...

as "igrejas", quer dizer, as pessoas que compõem as igrejas, desde o mais alto (humano) ao mais baixo, esqueceram o primeiro amor...

e quando se vê alguém que tomas uma qualquer iniciativa para alertar ou mudar isso, tal como fizeste com este post, normalmente é acusado...

não me espantava nada que te "apontassem" o dedo, por teres escrito este post...

estive lá... sei o que é e como é...

beijinhos e obrigado pelo refrigério...

Avozinha disse...

Hmmm... penso que não concordo muito com o que dizes. Desses eventos todos, estive em um ou dois e, pelo que recordo, a "igreja" em si não era nem mais 'forte', nem mais 'santa', nem mais unida que hoje. Com menos espavento, podemos talvez fazer melhor na comunidade em que vivemos e trabalhamos, penso eu.

Ana Ramalho Rosa disse...

A constatação é real e verdadeira, mas é preciso agir e, principalmente regressar à raiz do que é a Igreja que Deus quer - voltemos à Bíblia e sigamos o exemplo da igreja de Actos 2 (principalmente Antioquia).
A mudança está nas nossas mãos.